terça-feira, 11 de setembro de 2007

Babel européia


Existem agora provas que comprometem o casal McCann no desaparecimento e eventual morte da menina Madeleine McCann em terras portuguesas. Contar o caso não é necessário, já que ele vem sendo amplamente divulgado pela Internet, pelos jornais, pela rádio e TV. Mas, mesmo na Europa, existem países de Primeiro, Segundo e mesmo Terceiro Mundo e, infelizmente, Portugal não é considerado "evoluido" pelos países de casta mais nobre, de melhor cepa. Esta é, pelo menos, minha opinião. País atrasado durante décadas, evoluiu muito com sua entrada no Mercado Comum Europeu mas ainda é considerado hoje um "nouveau riche" do comércio europeu. E o que fazem os pais da menina? Vão para a Inglaterra, provavelmente em busca de território mais justo, de advogados mais gabaritados, de policiais mais capazes. E o que fazem mais? Acusam a polícia portuguesa de plantar provas, cabelos no porta-malas de carro alugado 25 dias depois do desaparecimento da filha. Não parece, de certa forma, o mesmo caminho que o caso percorreria se o caso tivesse acontecido aqui, no Brasil, ou em algum país da América Latina? Porisso, brasileiros, regozijem-se! Não estamos sós no julgamento das grandes potências e não somos só nós os menosprezados, as cascas de banana do quintal do mundo. Lá, bem mais perto do poder do que nós, lá em terras européias, existem países ainda tão suspeitos quanto nós, e pior... falando português.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Vergonha...

Hoje faz 1 mês do acidente da TAM em São Paulo. Ontem o Sr. Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, declarou "Acho que a crise aérea está resolvida em parte". Lí isso num jornal e, logicamente, não vi a cara do Sr. Presidente ao dizer isso; provavelmente, parecia feliz. E isso, para mim, é motivo de amargura, uma grande amargura. E isso, para mim, deveria ser motivo de vergonha e não de felicidade. Faz um mês. nenhum novo aeroporto foi inaugurado, nenhuma grande obra foi realizada nos aeroportos existentes, praticamente não se gastou nada, muito pouco. Só foi preciso algumas medidas burocráticas, alguns remanejamentos de vôo, uma certa dose de boa vontade... e 199 pessoas mortas. Só isso...

terça-feira, 31 de julho de 2007

Tranquem as portas! Fechem as cortinas!


Gente,

Sem tentar julgar o ato em si. O assessor especial do Lula, Marco Aurélio Garcia, está sendo julgado por ter sido filmado fazendo gesto obsceno, após reportagem sobre o acidente da TAM. Não estava em local público, não estava no Palácio do Planalto, nem em nenhum saguão de aeroporto, à vista de todos. Estava em sua sala, julgando-se em local privado, julgando-se em foro íntimo. Não estava. Pergunta: não seria o caso de julgar o reporter, profissional ou não, por invasão de privacidade?

De qualquer forma, a partir de agora, cuidado amigos! Ao distribuir rosquinhas, peidar ou arrotar em casa, olhe bem pela janela; você pode estar sendo filmado e este fato poderá ser usadoi contra você.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Ao vencedor, as batatas!


Antes de mais nada, "Transformers", o Filme, é muito bom. Prá mim, até agora, o melhor "blockbuster" lançado neste verão americano, cinema-pipoca MESMO, assumidíssimo e excelente dentro de sua proposta.
E olha que tinha tudo prá dar errado. Primeiro, pelo diretor, Michael Bay, responsável por "Armageddon" (aquele que prova que qualquer americano , mesmo débil mental, vale mais que o resto da raça humana) e "Pearl Harbour" (aquele em que uma das maiores derrotas dos EUA termina com os americanos descendo o sarrafo nos japoneses), o que, convenhamos, deixa qualquer um com o pé atrás. Depois, por ser baseado no desenho animado sucesso da garotada na década de 80, tendo como tema robôs disfarçados de automóveis travando uma batalha de vida e morte na Terra, o que ,convenhamos , deixa qualquer um com o outro pé atrás. Mas "Transformers" soube, seguindo seu próprio nome, transformar o "já visto" em algo novo, reciclado mas bom. Porque, em "Transformers", nada se cria, tudo se transforma. E são várias as referências que qualquer adulto com mais de 30 anos vai encontar durante o fime. A começar por "Curtindo a Vida Adoidado", já que o Sam de Shia LaBeouf tem tudo a ver com o Ferrris Bueller de Mathew Broderick, na postura, na malandragem ingênua, na coragem adolescente. Inclusive acredito ser este ator, em que Hollywood aposta hoje todas as suas fichas, legítimo sucessor de Broderick como protótipo do adolescente deste início de século XXI. Depois, "Gremlins". A cena de Sam com os pais, na casa cercada pelos Megatrons, é "Gremlins" puro, sendo que a referência chega a ser mencionada no próprio filme com um furgão exibindo na carroceria um belo Gizmo, na cena da batalha nas ruas. Tem "Independence Day" com os alienígenas querendo destruir a Terra e com Megatron e o Cubo, fazendo a vez da nave espacial, escondidos num laboratório. Tem "Guerra dos Mundos" com a batalha nas ruas, lembrando a cena com os Tripods. E por aí vai...
Mas, e isso é que é importante, dando a todas essas referências um frescor novo, criando um produto totalmente remodelado, que se assiste com prazer. É como uma batata. A matéria prima é a mesma mas, se adicionarmos até mesmo a um purê um pouquinho de requeijão cremoso, teremos um novo sabor, um novo prato. Se vamos gostar ou não, depende da qualidade do cozinheiro. E desta vez, tenho que confessar, eu gostei do que comi... e lambi os beiços.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Outro dia, outro telejornal, mesmas nuvens...


Ontem (24/07), cheguei em casa cedo. Entre a novela das 7 (meia boca) e a das 8, ops!, 9 (muito boa), o Jornal Sanduíche, ops!, Nacional. Agora sim, vou ficar finalmente informado. E aí, num telejornal de exatos 45 minutos, fico sabendo a cotação do dolar, a previsão do tempo e... Pan e TAM. Só. Só. Só. Nada mais houve, nada mais interessa, nada mais se divulga. O Rio de Janeiro continua lindo e sem violência, no Oriente Médio acabaram-se os atentados e os sequestros, em São Paulo o trânsito está ótimo e as greves contidas e, em Brasília, o Executivo saiu de férias junto mcom o Legislativo. Aliás, é de se supor, o Mundo todo saiu de férias e está no Rio, curtindo o Pan. Ou melhor, não, já que, com a crise aérea, deve estar parado em algum aeroporto, esperando conexão.

terça-feira, 24 de julho de 2007

O Brasil nas nuvens

Ontem, (segunda), cheguei tarde em casa. Bye, bye, Jornal Nacional, fiquei esperando pelo Jornal da Globo. Jogo de volei, Brasil 3 sets a 0, e lá vem ele, o último jornal da noite na Globo, o próprio, o Jornal da Globo. Quase estourei pipoca prá assistir ao jornal e saber o que havia acontecido durante o dia (perto da hora de dormir, estômago pesado, pipoca não!) e... fiquei sabendo que, em 23/02/2007, só haviam acontecido três assuntos dignos de nota:
1. O último ocupou uns três minutos, porisso começo por ele: o bate-boca Alonzo/Massa, que aconteceu no domingo. Assunto antigo, nada de novo, notícia requentada.
2. O primeiro, dois blocos: caos aéreo e acidente da TAM. Na verdade, um assunto só com dois tópicos. E fiquei me perguntando (sem, de forma alguma, diminuir a extensão do problema, mas também sem aumentá-la): qual o percentual de brasileiros que viaja de avião? Qual a parcela da população afetada pelo problema e a quem a notícia realmente interessa?
3. Os Jogos Panamericanos, ou melhor, o desempenho dos atletas brasileiros no Pan, o que é muito diferente. Aliás, nem isso: as vitórias dos atletas brasileiros no Pan.
Quanto a ataques no Oriente Médio, violência no Rio de Janeiro (repararam que, desde o início do Pan, a violência no Rio - antes um dos assuntos prediletos do telejornalismo - acabou? Mistério...), escândalos políticos, nada. Os fatos relevantes do mundo resumiram-se a Pan e TAM.
Ou seja, ao que me parece, o brasileiro ou está fuçando as nuvens atrás do vôo atrasado ou com a cabeça nas nuvens, maluco com tantas medalhas. Quanto ao que nos interessa no dia-a-dia, resta-nos exercer o positivo exercício da criatividade. Fui dormir tão esclarecido quanto quando acordei.

domingo, 22 de julho de 2007

Mais Jornalismo...

Texto da coluna "Conversa Fiada" do Paulo Henrique Amorim deste domingo (22/07):

"Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil."

quinta-feira, 19 de julho de 2007

O Papel do Jornalismo (ou 17-07-2007/2)

É de minha natureza procurar outros pontos de vista. Frizo bem: sem esquecer ou tentar diminuir os já propostos e com os quais concorde. Acredito que é através da confrontação (já que "discussão" é hoje uma palavra "politicamente incorreta") que o ser humano evolui, pois que é questionando seus princípios enraizados que ele os atualiza ou até mesmo descarta e substitui.
Saint-Exupéry dizia que a Vida é como uma árvore e que o ser humano é como uma folha dessa árvore: apenas a vê de sua prespectiva, os poucos galhos que contempla, parte dela. Só Deus é do tamanho da árvore. Porisso gosto de fazer pensar, muitas vezes mostrando outra perspectiva (a minha) da mesma árvore.
Não é que eu descarte os erros (e graves) que estão sendo cometidos durante toda esta crise do "caos aéreo" e mesmo anteriores a ela e nem que eu não pense que a situação esteja insuportável e que deva ser revoltante aguardar horas, senão dias, num saguão de aeroporto. Já escrevi aqui mesmo, no entanto, que atrasos sempre houveram desde Santos Dumont, devido a neblina, chuva, vento ou qualquer outra condição metereológica que torne os vôos perigosos. Aí a culpa não é do Lula, não é da Infraero, não é dos controladores de vôo, não é do Papa... é de São Pedro.
O meu receio é que o Jornalismo, ao ser tendencioso, crie também tendências, nos torne tendenciosos. Aparentemente existe por parte de uma parcela dos meios de comunicação uma atitude mórbida de não analisar esses atrasos, creditando a Deus ou ao diabo a causa por eles. Tudo é culpa de algum diabo, e humano, que parece ter prazer em criar filas em aeroportos e fazer pobres coitados dormir em saguões. E não é bem assim.
Aparentemente também, a partir dos dados analisados até agora, o acidente do Airbus A-320 3054 de terça-feira não tem a ver com a liberação da pista do aeroporto de Congonhas após reforma. Parece mais serem causas humanas, mecânicas e/ou elétricas da própria aeronave, o que, convenhamos, também pode acontecer com nosso carro (com bem menos vítimas, é verdade).
Pelo que eu tenho conhecimento, a partir de entrevistas com técnicos especializados, o restante da obra, que deve ser realizada no próximo mês, apesar de aumentar a segurança da pista, não é fundamental e a pista, mesmo como está, já é mais segura do que era. Repito... de acordo com os técnicos que ouvi.
No entanto, fica minha pergunta: será que a pista teria sido liberada sem a conclusão integral da obra não fosse o atual caos aéreo? Será que, em condiçoes normais, sem pressões da sociedade, influenciada pela pressão da Imprensa, a gente não aguardaria sossegado o término das obras? Será que a Imprensa, no intuito de polemizar e/ou ganhar audiência, não nos transformou em espectadores tendenciosos dos fatos, enfiando sempre no mesmo saco problemas que não são sempre os mesmos? Ou seja: será que uma atitude não gerou (ou, pelo menos, influenciou) a outra? Será que uma análise superficial da situação de parte da Imprensa não criou uma revolta popular que, para ser minimizada, gerou a liberação em etapas da pista, que gerou novas críticas por parte da Imprensa, que gerou nova revolta, que gerou outra...
Como disse antes, o caos existe, os controladores pressionam (ironia, talvez até para que se opere com mais segurança, certo?), o governo se omite, a Infraero exime-se de culpa culpando pilotos americanos. Tudo isso eu sei. Mas sei também que estamos no inverno e que em muitas manhãs acordaremos com neblina sob nossas cabeças e aeroportos fechados... e que não há controlador que consiga, mesmo usando ventiladores ou leques, contornar esta situação.

17-7-2007



Resolvi transcrever aqui uma matéria com a qual comcordo em gênero, número e grau.



Mídia não pode presumir culpas



Por Alberto Dines em 19/7/2007



"O papel da mídia é levantar pistas, buscar testemunhos e descobrir evidências. Mas a mídia não pode prejulgar. Pode e deve extravasar a indignação e a revolta. Mas a mídia não pode presumir culpas.
O erro do governo na tragédia da Gol, ao longo de outubro passado, foi justamente o de permitir que o ministro da Defesa, Waldir Pires, lançasse suspeitas sobre os pilotos americanos para evitar que o governo fosse arranhado entre o primeiro e o segundo turno das eleições presidenciais.
Agora, nesta catástrofe, a mídia não pode cometer o mesmo pecado e embarcar em hipóteses delirantes sobre o comportamento dos pilotos da TAM. Eles não podem defender-se, estão mortos, e a caixa preta ainda não foi aberta. O que se espera da mídia é que seja veemente e perseverante para que o caso não seja triturado e esquecido em poucos meses, como costuma acontecer.
Há nesta tragédia da TAM ingredientes eminentemente políticos sobre os quais a mídia não pode calar-se. Estes sim devem ser questionados com rigor e denunciados. Quanto mais cedo melhor. Mesmo que o tersol do presidente Lula ainda não esteja completamente curado."

terça-feira, 3 de julho de 2007

Uma Receitinha Preguiçosa

Como lhes disse ao iniciar este Blog, minha idéia era de, de vez em quando, mesclar meus pitacos com alguma receita básica, o que não deixa de ser um pitaco na gastronomia. Não esperem nada sofisticado (bem, quem sabe, às vezes...) mas sim aquelas receitas práticas feitas especialmente prá que não tem tempo. Esta é tão fácil e ideal para esta época.



Bolo Fazendinha de Massa Pronta



Ingredientes:
1 caixa de Bolo de Milho ou Bolo de Milho Cremoso
200 g de goiabada
½ xícara (chá) de farinha de trigo
2 colhereres (sopa) de açúcar cristal


Prepare o bolo conforme as instruções da embalagem. Corte a goiabada em cubos pequenos e passe na farinha de trigo. Distribua a massa em uma fôrma redonda de cone no centro untada e enfarinhada. Espalhe a goiabada com cuidado por cima da massa. Leve para assar em forno quente por 40 minutos aproximadamente. Retire do forno e polvilhe com o açúcar cristal. Desenforme enquanto morno.

O país e lindo. Já o povinho....


Fiquei besta com a inauguração do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, neste fim de semana. Andava meio envergonhado ao comparar a qualidade dos estádios lá de fora com os nossos, pobres estádios, receptáculos do esporte no País do Futebol. Dava vergonha, não dava? E olha que não estou falando de Inglaterra, França ou Itália. Vocês viram o estádio do jogo Brasil x Chile, lá na Venezuela? E olha que a cidade tem de oitocentas a quatrocentas e quatro (dependendo do programa de TV que você assistiu, rsrsrsrs) habitantes!


Me deu orgulho vendo ele todo pintadinho de novo, com aquelas cadeiras coloridas, lindas como nos estádios que eu vejo lá fora, aquela iluminação que ondula por cima das arquibancadas. Coisa de Primeiro Mundo. E os banheiros, então? Dá até prá fazer um xixizinho decente!...


Mas foi aí, nos banheiros, que me deu uma pontinha de preocupação. Prá ser sincero, pontinha, não, pontona. Afinal de contas, o estádio é, sim, de Primeiro Mundo. Já o povinho...


Vamos ver daqui há um ano. Daqui há dois.


Afinal de contas, qualquer um que passe por orelhões, lixeiras públicas, bueiros, paredes pichadas, sabe do que eu estou falando. Ah, Engenhão, que pena...

A César o que é de César e a Pedro o que é de Pedro

Voltando ao assunto "Jornalismo", existe uma premissa básica: o jornalismo informa... E agora, uma premissa minha: ... com imparcialidade. Mas, o que é informar? Tomemos, por exemplo, o assunto "Caos Aéreo". É o assunto do momento e o que se vê pelas TVs é uma sequência de cenas tristes, manifestações de passageiros irritados, até mesmo agressões físicas, no caldeirão de indignação em que se transformaram os saguões dos nossos aeroportos. Existem muitas causas para o problema desde a manipulação da crise por controladores de vôo até o "overbooking" exercido por algumas companhias aéreas. Isso, além de problemas metereológicos. E é aí que eu me apego.
Sei que interessa aos telejornalismos explorar o assunto de forma a torná-lo de interesse público, o que aumenta a audiência. Mas, quando, em nome da audìência, não se esclarecem devidamente os fatos, isso é manipulação de informação. E, o que é pior, aumenta a indignação dos passageiros que, mal informados, creditam sempre a fatores humanos, e mais propriamente públicos e empresariais, a situação caótica de cada nova onda de atrasos. E nem sempre isso é verdade...
Acho que muita pouca gente não assistiu a filmes como "Duro de Matar 2" ou "Aeroporto". Lembram-se das nevascas, dos aeroportos abarrotados, das dezenas de aeronaves voando ao redor das pistas sem autorização para pousar. Isso acontece e tem causas naturais e imprevisíveis. E acontece também aqui, já que, apesar de Terceiro Mundo, também fazemos parte da rede aeroviária. Existem neblinas e tempestades. Aqui, graças a Deus, quase não existe neve, mas se o vôo for para Nova York, por exemplo...
Isso sempre aconteceu, sempre foi assim e, a menos que demitamos São Pedro, dificilmente vai mudar. E isso não tem causa humana. Não adianta chiar, reclamar nos balcões, esbravejar para as câmeras de televisão. São Pedro não cede. É preciso sentar e esperar.
E é isso que as emissoras precisam dizer, ao cobrir esse tipo de atraso: "Olha, não é culpa de ninguém, ficou fechado 4 horas por falta de teto, vai atrasar os vôos daqui prá frente". O espectador tem que saber discernir e é o jornalismo que o informa quem pode ampliar esse discernimento. Não só pode... é sua função básica.
Ou então, vamos voltar a ver, como eu vi um passageiro entrevistado em dia de aeroportos da Argentina (veja bem: da Argentina) fechados por mau tempo: "É, agora só falta culpar São Pedro". E o pior: é isso mesmo, meu filho. Desta vez a culpa foi mesmo de São Pedro e aceite isso. Só reclame quando não for esse o caso.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Globo Geographic

Quem assistiu a "Boa Noite e Boa Sorte", o filme de George Clooney, teve uma bela lição sobre integridade na Imprensa. Falando sobre o Senador McCarthy e sua Caça às Bruxas (no caso eventuais comunistas) durante a década de 50 nos EUA, o filme aborda a luta do âncora de TV Edward R. Morrow (David Strathairn) e sua equipe contra o senador e a onda de perseguições sem provas perpetrada por ele. Luta travada e ganha. O filme abre-se com um discurso de Morrow falando do quanto ele temia o futuro e o desaparecimento do jornalismo investigativo em Rádio e TV, em benefício do jornalismo tratado com entretenimento, leve, sem conteúdo especulativo.
E ele estava certo. Um exemplo disto são os formatos que hoje campeam na TV, privilegiando muito mais o espetáculo, o emocional, o descartável. Um exemplo, programas do tipo "David Leterman" (copiado aqui pelo "Programa do Jô"). Temos piadas, temos música, temos muito mais risos que pensamentos flutuando pelo estúdio. Porque pensar, cansa e pode afastar a audiência, o público já condicionado a cansar-se rápido. Mas para mim, o exemplo mais claro e acabado deste jornalismo sem profundidade, que entretém mas pouco influencia, que agrada mas pouco incomoda é a atual fase do "Globo Reporter". Onde estão as reportagens profundas que mudaram a cabeça dos espectadores, que geraram discussões acaloradas pelas salas e escritórios, que fizeram pensar, cobrar, indignar e pedir por mudanças os brasileiros? Pois este programa que foi criado para justamente poder aprofundar mais os assuntos rapidamente abordados nos jornais diários, morreu. Hoje o que se tem, 4 entre 5 programas são programas interessantíssimos sobre os urubus das Ilhas Galápagos, as cobras da floresta amazônica, os tubarões de Fernando de Noronha. Um programa financiado pela National Geographics não faria melhor, não seria mais "animal".
Existem, é claro, prováveis motivos para a escolha deste tipo "ecológico" de assunto. Chuto dois: audiência fácil, já que nove entre dez pessoas adoram bichinhos (e bichões), e custo, já que estes programas quase sempre são comprados no mercado internacional a preço baixo. Claro que existem, mesmo no "Globo Reporter", exceções. Porém, na maior parte das vezes, o jornalismo investigativo se foca em dietas, avanços médicos, higiene e saúde. Mais uma vez, assuntos gerais e sem possibilidade de criar tendências; aparentemente, existe hoje uma necessidade disfarçada de "não se posicionar". Mostrar e não explicar, desdobrar, aprofundar.
A Globo, no entanto, gosta de demonstrar sua coragem através do jornalista Tim Lopes. Mas, Cristo, ele morreu investigando o tráfico em bailes funk. Não foi por mordida de cobra na Chapada Diamantina! Ao invés dos urubus das Ilhas Galápagos, onde estão os que vende drogas a nossas crianças nas portas das escolas? Onde estão os tubarões que fazem escoar pelo ralo o dinheiro de nossos impostos? O povo é desrespeitado pelos saguões dos aeroportos e nenhuma reportagem procurando as causas do apagão aéreo, com entrevistas, com depoimentos, com denúncias. Mostram-se os fatos e não as verdades por trás dos fatos. Corruptos escapam ilesos de CPIs, de investigações policiais, provas são desconsideradas e onde estão as reportagens desembaraçando os novelos, eslarecendo os fatos, as origens, as consequencias? Fica mais fácil, sim, falar sobre o que é leve, sobre as novas tendências da moda, sobre a migração das aves, sobre a extinção das espécies. Dá-me pena porém perceber que uma das espécies em extinção é a do puro e simples jornalismo inteligente. Em extinção, não; sumiu faz tempo.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

A lei é clara...


O Programa "Debate Bola" da Record é uma das coisas que eu amo odiar; está na mesma categoria que o Galvão Bueno. Estava eu hoje assistindo ao programa quando me deparei com a seguinte pérola proferida pelo ex-juiz de futebol Oscar Roberto Godoi, a respeito da prisão do técnico do América - RN, Lori Sandri, por desacato à autoridade: "Tanto corrupto na Polícia Federal, no legislativo impune e resolvem logo prender ele por essa bobagem". Me admira muito esse tipo de opinião vindo de um juiz, feito para cumprir a lei, nem que seja futebolística. O erro não está em prender o técnico, está em deixar impunes os corruptos. Afinal de contas, "A regra é clara", como já dizia um concorrente do referido juiz e comentarista; difícil mesmo é cumpri-la.

Breaks que Matam

Sou assinante há anos da Rede Telecine e um dos grandes atrativos dela era transmitir, junto com canais como HBO e Canal Brasil, filmes sem breaks, “Cinema como no Cinema” (algo assim, inclusive, já foi o seu slogan há anos atrás). Aí surgiu o Telecine Pipoca, com um break no meio de cada filme. Tudo bem, já que a proposta do canal era de ser do tipo “Cinema como na TV aberta”. Filmes duplados e com “breaks” para ir ao banheiro. Aceitei. Afinal de contas, eu mesmo conheço muita gente que não gosta de ler legenda e ficar sentado 2 horas direto sem um descanso. Mas ontem, domingo, assistindo a “Beijos que Matam” no Telecine Action, o filme foi interrompido, não para um comercial, mas para a divulgação de outro filme da Rede. Um choque! Foi mais ou menos como se um casal resolvesse bater papo ao meu lado, no “cinema”, desviando minha atenção e quebrando todo o encanto (porém tirando-me o direito de pedir gentilmente para que o casal calasse a boca). E pior, sem vantagem nenhuma para a Rede, já que não era um comercial pago, só uma chamada que em nada acrescentava. Será que esta vai ser a regra daqui pra frente da Rede Telecine? Filmes como na TV aberta. Será que seu diferencial acabou e vou ter que migrar para outra provedora que me dê o que antes a Rede me dava e que eu perdi? Em suma... será que agora minha única opção é a HBO?

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Filosofando...

E aí Lula falou: "O Vavá é ingênuo".

E por quê é que é mais fácil levar um ingênuo para o Lado Negro da Força e mais difícil fazê-lo associar-se a alguma ONG que cuide do Verde ou trate de Menores Carentes, aos "Amigos da Escola", aos voluntários da AACD?

Talvez possamos concluir daí que alguns corruptos podem até ser ingênuos mas que isso não é justificativa.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Enfiaram o pé na jaca...


Li ontem uma crítica da Gabriela Germano, no Terra, dizendo que a adição de boas doses de drama e romance atrapalhou o sucesso da novela "Pé na Jaca", que tem seus últimos capítulos exibidos nesta semana. A novela, que estreou com média de audiência de 40 pontos, chega aos últimos capítulos sem conseguir superar os 30. Justamente na fase em que, na maior parte das novelas, os níveis aumentam.

E aí eu pergunto... que romance? Se formos analisar bem, a novela moveu-se muito mais de acordo com os impulsos sexual de seus protagonistas, principalmente do eterno Marcos Pasquim fazendo novamente o papel de... Marcos Pasquim. E o pior é que o novelista Carlos Lombardi acredita que é esse esteriótipo do "machão garanhão sul-americano" quem merece o título de "herói da novela das 7" e os louros da vitória. E convenhamos, o cara é incansável. Sobe morro, desce morro, bate, apanha, salva vidas, salva negócios arruinados, é um pão que faz pão como poucos, é o grande mestre guru de irmão, filho, pai, avô, ex-mulher, do diabo a quatro e come, come, come, come... E aí eu pergunto de novo... que romance?

E olhem que eu comecei a ver a novela e a gostar dela mas, aos poucos, o interesse foi murchando, murchando, murchando.

Com o perdão do termo, esta foi uma novela cínica, em que de pouco valia o tal romance se alguém chegasse com mais sede ao pote. E aí: cama. Amo esta mas como aquela, depois me arrependo e aí, prá afogar a culpa, como outra.

Camuflada (e aí o cinismo) de boas intenções comia-se a torto e a direito e mesmo um personagem a princípio íntegro como o irmão do "machão garanhão sul-americano", ao descobrir a traição da noiva, deu como exemplo de volta por cima fazer exatamente aquilo que foi a fonte de seu sofrimento... comer indiscriminadamente, sem amor, só por gosto. Haja visto que, engravidada a ex-cunhada, parte-se para outra sem qualquer escrúpulo ou culpa. E olha que "aparentemente" o casalzinho até parecia que ia dar liga. Mas qual. Importante mesmo (e incontrolável) é o impulso sexual.

Acho que, devido à queda de audiência, o autor resolveu acabar com o único casal que, de certa maneira, parecia se amar de forma despretenciosa que passava um pouco da cintura para cima e atingia o coração: Artur e Gui. E aí, prá justificar a troca, Artur virou débil mental de vez (e olha que o Murilo Benício me surpreendeu favoravelmente com sua composição), um amor que vinha do princípio do mundo entre Maria Bo e Lance vai pro espaço (o que joga fora toda a trama do casal até aí) e juntam-se os dois corpos de Lance e Gui sem juntar-lhes a alma. E lá vai tudo pro espaço, sem ternura, sem tristeza, na atração das camas quentes.

No final das contas, "Pé na Jaca" foi uma "Zorra Total" que se estendeu por meses e onde todos repetiram "ad infinitum" os mesmos tiques e reações. Não havia grande enredo, apenas quadros que se repetiam, onde o panaca era sempre panaca, o atrapalhado sempre atrapalhado, o safo sempre safo, a perua sempre perua, o... Não houve evolução e, se formos ver, nem uma história a se contar, já que ela só serviu de pretexto para o desfile de situações pseudo-hilárias, permeadas por sabedoria de alcova do tipo "come a vaca mas come de camisinha".

Quanto a romance, cabe lembrar que ele é uma das sustentações de qualquer novela. Temos que torcer por alguém, querer que A acabe com B e não que A dê prá B depois de deixar C que ama D mas se satisfaz com E. E quando falo de romance, não falo de mocinhas frágeis e mocinhos ilibados, já que não somos mais tão puros como antigamente e esse tipo antiquado de herói já não nos serve mais. O casal pode ser cachorro, como eram Marcos e Laura em "Celebridade", ou que nega seus sentimentos, como Olavo e Bebel em "Paraíso Tropical", por sinal 2 novelas de Gilberto Braga, mas tem que dar liga, tem que passar aquela impressão de que um conta com o outro, de que um luta pelo outro, de que os dois estão juntos pro que der e vier... e não só pro que der.

Estamos evoluindo

Antes, campeava a impunidade. Antes, sabia-se que funcionários públicos de diversos escalões roubavam. Tinha-se a impressão mas faltavam provas. A partir da Era Collor, dos caras-pintadas, dos PCs Farias, os nomes começaram a ser descobertos, as falcatruas expostas mais facilmente. É como se tivessemos chegado ao limite da vergonha, de onde não se podia passar. Houve uma evolução, sem dúvida, porém a impunidade mudou pouco. No entanto, também nos cabe uma boa dose de culpa. Acho que brasileiro pensa que, a partir do voto, a responsabilidade por apurar as coisas é dos políticos em quem votou, esquecendo-se que, na maior parte das vezes, são esses mesmos políticos aqueles que nos roubam. O pior: esses mesmos brasileiros repetem a dose e colocam de volta a seus postos aqueles que de lá saíram por corrupção, por bandalheira, por falta de decoro. Cassados, passado o tempo regulamentar, são escalados para o próximo jogo.... e jogam do mesmo jeito. Ouvi de um amigo petista que o mérito pela onda de escandalos públicos vindos à tona é do Lula, como se tudo não fosse um processo lento e constante que começou lá atrás. Parece que é comum aos petistas separar erros e acertos políticos em EAL e ADL ("Erros Antes de Lula" e "Acertos Depois de Lula") o que é, no mínimo, simplista. Tudo melhorou depois de Lula; tudo era um inferno antes dele. Mas o pior é que, por mais que a máquina avance, por mais que escandalos sejam descobertos, por mais que CPIs sejam instauradas, a impunidade, a grosso modo, continua a mesma. Faz-se um escarcéu, grita-se daqui e de lá, os meios de comunicação se pronunciam, a população se agita, e depois tudo volta ao normal, ou seja à impunidade anterior. Nomes vêm à tona e submergem de novo e muito poucos são realmente punidos. E aí... a culpa não é do Lula, é do Poder Judiciário ou Legislativo, poderes sem nomes a apontar, apenas poderes, substantivo abstrato plural. E de concreto, no frigir dos ovos, nada...

Sejam benvindos...


Sei que hoje ter um blog é coisa comum mas prá mim é um acontecimento. Talvez ele fique parado, ninguém acesse, sniff, sniff... mas eu espero que ele bombe. Como o nome já diz, estou aqui prá dar pitaco. E dar pitaco em tudo. Claro que, pelos meus gostos, vou ficar perambulando mais por TV (novelas, séries) e Cinema (tanto filme por aí...). Mas quem dá pitaco, dá pitaco em tudo e eu sou assim mesmo... metidinho (ou será pitaqueiro?).
Assim, em qualquer assunto que me revolte, me tire do sério, me comova, me entusiasme, vou dar pitaco. E olha que com a falta de respeito que campeia por aí, dar pitaco virou coisa até que cansativa. Tantas coisas prá comentar, prá por a boca no trombone... Desde um certo bairrismo que eu detecto na Rede Globo até a proliferação de urina e fezes de cachorro pelas ruas onde ando. Desde os rumos dos perdidos na ilha (LOST você conhece, não?) até o sinal vermelho que desclassificou o Massa no GP do Canadá.
Tudo é motivo, tudo vira assunto. E também, como adoro me intrometer na cozinha e fazer meus pratinhos básicos, rápidos e práticos (afinal de contas, sou homem moderno, endurecido com uma certa ternura) de quando em vez vou anexar ao blog alguma receitinha que testei e que DEU CERTO!
Vou ficando por aqui. O "jeitão" do blog, na verdade, vai ser definido com o tempo, com as interações (que espero sejam muitas), com as críticas (que espero sejam poucas) e com os debates (que sempre são produtivos.
Um abração do Ig (que também é provedor nem que seja da minha dispensa).