terça-feira, 12 de junho de 2007

Enfiaram o pé na jaca...


Li ontem uma crítica da Gabriela Germano, no Terra, dizendo que a adição de boas doses de drama e romance atrapalhou o sucesso da novela "Pé na Jaca", que tem seus últimos capítulos exibidos nesta semana. A novela, que estreou com média de audiência de 40 pontos, chega aos últimos capítulos sem conseguir superar os 30. Justamente na fase em que, na maior parte das novelas, os níveis aumentam.

E aí eu pergunto... que romance? Se formos analisar bem, a novela moveu-se muito mais de acordo com os impulsos sexual de seus protagonistas, principalmente do eterno Marcos Pasquim fazendo novamente o papel de... Marcos Pasquim. E o pior é que o novelista Carlos Lombardi acredita que é esse esteriótipo do "machão garanhão sul-americano" quem merece o título de "herói da novela das 7" e os louros da vitória. E convenhamos, o cara é incansável. Sobe morro, desce morro, bate, apanha, salva vidas, salva negócios arruinados, é um pão que faz pão como poucos, é o grande mestre guru de irmão, filho, pai, avô, ex-mulher, do diabo a quatro e come, come, come, come... E aí eu pergunto de novo... que romance?

E olhem que eu comecei a ver a novela e a gostar dela mas, aos poucos, o interesse foi murchando, murchando, murchando.

Com o perdão do termo, esta foi uma novela cínica, em que de pouco valia o tal romance se alguém chegasse com mais sede ao pote. E aí: cama. Amo esta mas como aquela, depois me arrependo e aí, prá afogar a culpa, como outra.

Camuflada (e aí o cinismo) de boas intenções comia-se a torto e a direito e mesmo um personagem a princípio íntegro como o irmão do "machão garanhão sul-americano", ao descobrir a traição da noiva, deu como exemplo de volta por cima fazer exatamente aquilo que foi a fonte de seu sofrimento... comer indiscriminadamente, sem amor, só por gosto. Haja visto que, engravidada a ex-cunhada, parte-se para outra sem qualquer escrúpulo ou culpa. E olha que "aparentemente" o casalzinho até parecia que ia dar liga. Mas qual. Importante mesmo (e incontrolável) é o impulso sexual.

Acho que, devido à queda de audiência, o autor resolveu acabar com o único casal que, de certa maneira, parecia se amar de forma despretenciosa que passava um pouco da cintura para cima e atingia o coração: Artur e Gui. E aí, prá justificar a troca, Artur virou débil mental de vez (e olha que o Murilo Benício me surpreendeu favoravelmente com sua composição), um amor que vinha do princípio do mundo entre Maria Bo e Lance vai pro espaço (o que joga fora toda a trama do casal até aí) e juntam-se os dois corpos de Lance e Gui sem juntar-lhes a alma. E lá vai tudo pro espaço, sem ternura, sem tristeza, na atração das camas quentes.

No final das contas, "Pé na Jaca" foi uma "Zorra Total" que se estendeu por meses e onde todos repetiram "ad infinitum" os mesmos tiques e reações. Não havia grande enredo, apenas quadros que se repetiam, onde o panaca era sempre panaca, o atrapalhado sempre atrapalhado, o safo sempre safo, a perua sempre perua, o... Não houve evolução e, se formos ver, nem uma história a se contar, já que ela só serviu de pretexto para o desfile de situações pseudo-hilárias, permeadas por sabedoria de alcova do tipo "come a vaca mas come de camisinha".

Quanto a romance, cabe lembrar que ele é uma das sustentações de qualquer novela. Temos que torcer por alguém, querer que A acabe com B e não que A dê prá B depois de deixar C que ama D mas se satisfaz com E. E quando falo de romance, não falo de mocinhas frágeis e mocinhos ilibados, já que não somos mais tão puros como antigamente e esse tipo antiquado de herói já não nos serve mais. O casal pode ser cachorro, como eram Marcos e Laura em "Celebridade", ou que nega seus sentimentos, como Olavo e Bebel em "Paraíso Tropical", por sinal 2 novelas de Gilberto Braga, mas tem que dar liga, tem que passar aquela impressão de que um conta com o outro, de que um luta pelo outro, de que os dois estão juntos pro que der e vier... e não só pro que der.

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