quarta-feira, 21 de maio de 2008

Que herança deixamos para nosso filhos?


Fiquei sabendo ontem que o travesti Andréia Albertini assinou contrato para rodar uma série de quatro filmes pornôs e pretende escrever um livro contando a história de sua vida (que deve ser de extrema relevância para os rumos da Humanidade). Fiquei sabendo e deu-me vontade de chorar. Do episódio Ronaldinho vs. travestis fica a conclusão que o importante é chamar a atenção da midia, aparecer e, a partir daí, de dar bem, não importando os meios. Que tudo foi um golpe, está claro. O problema é que, ao invés da midia varrer do mapa esses travestis, ela os promove, convida-os a participar de programas de auditório, destaca-os em revistas. E sobra disso a impressão que basta você entrar em um lugar qualquer atrás da Karina Bacchi (por exemplo), tirar a roupa e sair gritando "fui assediado! Socorro!", para se dar bem, num mundo distorcido como o atual. E agora, digam-me: como vou poder convencer meus netos que o importante nesta vida é ser íntegro e honesto?

terça-feira, 20 de maio de 2008

Across the Universe





Você já assistiu ao filme "Across the Universe", recém lançado em videolocadoras? Pois assista! Para o bem ou para o mal, assista. É daqueles filmes que eu não "recomendo" mas que valem uma olhada. Pode ser que você adore... ou deteste. Afinal é musical (ops...) moderno, com tema antigo (décadas de 60/70) e unicamente com músicas dos Beatles. Talvez os conservadores se arrepiem com as releituras das músicas. Talvez os modernos se entediem com o tema antigo. Mas, se qualquer um deles se despir de preconceitos, vai se ver frente a frente com um filme pequeno e criativo, que consegue usar a música dos Beatles como fio condutor de uma história de amor e descoberta, de forma totalmente nova.




Ainda em tempo, o filme vem com um bônus apetitoso e grátis: descobrir, durante todo o percurso, as referências não necessáriamente musicais às músicas dos Beatles. É delicioso!

O melhor e o pior em "Duas Caras"

Ontem, 20/05, num mesmo capítulo surgiram, diante de mim, o pior e o melhor de "Duas Caras". Desde já preciso dizer que a novela mais me irrita que atrai, ao contrário de "Desejo Proibido" que, para mim, foi ouro puro. O melhor veio da parte da evolução de Ferraço nesta reta final da novela. Quando li num "site" que existia a possibilidade de Maria Paula acabar a novela com Marconi Ferraço, quase cheguei a rir de dó, minha irritação foi às alturas. E não é que agora, passado pouco tempo, Aguinaldo Silva conseguiu fazer com que a rota do personagem rumo a sua redenção soasse crível? Hoje já não parece impossível, pelo perfil e construção dos personagens, o casal acabar junto. Mérito do autor. Porém, no mesmo capítulo, surgiu também o pior da novela, que mergulha às vezes em situações totalmente absurdas, fora de qualquer realidade e coerência. Eis que surje o cavaleiro Apolo para salvar a doce Condessa (até aí, tudo bem, já que o tema é recorrente em qualquer novela), surje e... em questão de segundos, quase que os dois rolam pelo chão aos beijos e chupões. Faltou pouco; o olhar babão, a aproximação dos rostos, o arfar dos peitos fazia crer que isso passou muito perto de acontecer. Aí percebi que o ímpeto do casal afro-descendente não constava do texto, era, na verdade, um excesso do diretor na direção dos atores. E aí está, o bem e mal da novela, situações plausíveis e boas pontuadas por outras completamente absurdas, na contramão de qualquer reação humana normal. E, pelo menos na minha opinião, as segundas ganham de lavada das primeiras, depondo assim contra a coerência de "Duas Caras". Com os mesmos erros, porém em menor escala, "Senhora do Destino" foi melhor.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O Juvenal está certo!



Tenho que concordar como Juvenal Antena, apesar de não gostar do personagem e da trilha que seguiu na novela "Duas Caras". Ou melhor, concordar com o Antônio Fagundes que, em entrevista dada ao Portal Terra, declara: "Seria legal ter (um beijo gay) se fosse uma novela gay, que tratasse do romance de dois homossexuais. A novela não precisa disso. Não é importante na trama para ter uma polêmica em torno desse desfecho. ". Se formos pensar, ele tem razão, e pressionar para que o beijo aconteça, de certa forma, já demonstra ser ele descartável. Se fosse imprescindível, aconteceria. Ainda mais: passou despercebido mas o primeiro beijo gay em uma produção televisiva nacional já aconteceu. Pode ter sido roubado, nem um pouco erótico (o que também acontece com a categoria dos "beijos heteros"), mas aconteceu, em "Queridos Amigos" e, apesar de noticiado, o fato não causou maiores problemas.


Levemos também em conta que, em qualquer expressão artística que nos detenhamos, tal beijo não é corriqueiro. Existe, aparece, sim, mas em pequenas doses, com um certo receio. Mesmo permitido, também nas ruas não é comum se enxergar um casal homossexual trocando beijos ardentes, nem ao menos "selinhos". Logo, por que cobrar da TV abraçar uma bandeira que nem ao menos os gays abraçam com fervor, em sua maioria? Se a TV é um reflexo cultural da sociedade e seu tempo, esperemos então que a própria sociedade mude. Aí então, o beijo gay aparecerá naturalmente em cena na novela das 9... e não incomodará quase ninguém. Hoje, ele ainda está confinado às minisséries das 10, o que, convenhamos, já é um passo.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Em que Mundo vivemos...

Acabei de ler pela Internet: "(O travesti) Andréia Albertini, que recentemente se envolveu em um escândalo com o jogador Ronaldo, fechou contrato para estrelar quatro filmes pornôs para a Ícaro Studios, segundo o dono da produtora André Sequeira. (...) Andréia também prepara um livro sobre seus casos com famosos e anônimos, além de sua história. A obra vai traçar a trajetória de Andréia desde sua infância humilde em São Paulo até o momento em que resolveu assumir sua opção sexual, aos 12 anos de idade. "

Meu Deus, como pode? A partir disso estamos abrindo as porteiras para que qualquer um invada a vida de uma celebridade, um atleta, um político, e, dessa invasão, tire proveito, lucre, "se dê bem". Ao invés de simplesmente ignorarmos tais pessoas (e, nesse quesito, nossa Imprensa anda a anos-luz da integridade), damos-lhe voz e imagem, as exploramos, aproveitamo-nos delas para, nós também, tirarmos proveito.

A integridade e a honestidade não dão mais lucro ou visibilidade. Sejamos sórdidos, então, e vamos subir na vida, não importa a que custo. É esta a lição que nossa geração passa a seus filhos. Não me admira nada os frutos que poderá colher.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Torço por "Blindness", ops... "Ensaio sobre a Cegueira"


Confesso que não me canso de procurar matérias sobre a estréia de "Ensaio sobre a Cegueira" (Blindness) no Festival de Cannes. Torço pelo filme e por Fernando Meirelles mesmo sem conhecer praticamente nada sobre o filme (a não ser o elenco estelar - e internacional- que reuniu). As notícias são desencontradas mas já adiantam que "Blindness" é um filme prá amar ou detestar, como foi "Cidade de Deus", mas que, de forma nenhuma é vazio ou uma rendição ao cinema espetáculo. Fala-se muito da excelente fotografia de César Charlone e das interpretações (apesar de ter ouvido críticas favoráveis e desfavoráveis a elas). Os jornalistas receberam o filme em silêncio. Após a exibição para a crítica o filme recebeu cinco minutos de aplauso. Parece surgir por aí um daqueles "filmes polêmicos", raros hoje em dia. Pois que venha; quero vê-lo, amá-lo ou odiá-lo, torcer por ele. A reputação do diretor merece essa espectativa. Vamos ver o que o futuro dirá.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Dá pena...




Faz tempo que não me divertia tanto assistindo TV. Mesmo! E faz tempo também que não via uma novela reunir tanta qualidade: de interpretações, de enredo, de feitura. Ninguém destoava, desde os protagonistas (bem, talvez, Fernanda Vasconcellos "interprete" um pouco demais mas, ainda assim transmite verdade), até o menos importante dos coadjuvantes. Vi cenas primorosas. Presenciei a descoberta de um ator maravilhoso, Nando Cunha, o "Soldado Brasil" que é, desde já, uma composição antológica na história da TV. Vi atores já consagrados compondo personagens que com certeza se incluem entre os melhores trabalhos que cada um já fez: Lima Duarte, Nívea Maria, Marcos Caruso, Cassio Gabus Mendes, Jandira Martini e por aí vai. Vi um elenco jovem à altura de um elenco maduro e tarimbado, respondendo com garra à garra que recebiam, num "ping-pong" vital para um bom teatro, ainda que fracionado em capítulos. Vi estréias auspiciosas, como a do já mencionado Nando Cunha e de Ana Lima (a Eulália) e ainda a prova definitiva do talento de uma "Big" que , além de "Brother", é Atriz também ( e com "A" maiúsculo mesmo, tão maiúsculo que nem é preciso mencionar seu nome prá você saber que é. Mas, infelizmente, vi também uma novela merecedora de uma audiência muito maior do que a que teve. É esta última visão, a mais triste e a que fica. E não ver esses grandes atores, em interpretações primorosas, ganhando e nem mesmo concorrendo a prêmios em todos os concursos que hoje graçam por revistas, canais de TV e Institutos, vem mostrar que os próprios meios de comunicação, que deveriam apontar para a excelência da profissão, preferem apontar para campeões de audiência, "bons também" mas menos "excelentes". Talvez tenham mudado os tempos, talvez seja eu velho demais e tenha mudado o gosto dos novos espectadores, talvez seja saudosismo mas me entristece profundamente o fato, me dando uma sensação, desculpe-me, de pérolas jogadas aos porcos.