terça-feira, 3 de julho de 2007

A César o que é de César e a Pedro o que é de Pedro

Voltando ao assunto "Jornalismo", existe uma premissa básica: o jornalismo informa... E agora, uma premissa minha: ... com imparcialidade. Mas, o que é informar? Tomemos, por exemplo, o assunto "Caos Aéreo". É o assunto do momento e o que se vê pelas TVs é uma sequência de cenas tristes, manifestações de passageiros irritados, até mesmo agressões físicas, no caldeirão de indignação em que se transformaram os saguões dos nossos aeroportos. Existem muitas causas para o problema desde a manipulação da crise por controladores de vôo até o "overbooking" exercido por algumas companhias aéreas. Isso, além de problemas metereológicos. E é aí que eu me apego.
Sei que interessa aos telejornalismos explorar o assunto de forma a torná-lo de interesse público, o que aumenta a audiência. Mas, quando, em nome da audìência, não se esclarecem devidamente os fatos, isso é manipulação de informação. E, o que é pior, aumenta a indignação dos passageiros que, mal informados, creditam sempre a fatores humanos, e mais propriamente públicos e empresariais, a situação caótica de cada nova onda de atrasos. E nem sempre isso é verdade...
Acho que muita pouca gente não assistiu a filmes como "Duro de Matar 2" ou "Aeroporto". Lembram-se das nevascas, dos aeroportos abarrotados, das dezenas de aeronaves voando ao redor das pistas sem autorização para pousar. Isso acontece e tem causas naturais e imprevisíveis. E acontece também aqui, já que, apesar de Terceiro Mundo, também fazemos parte da rede aeroviária. Existem neblinas e tempestades. Aqui, graças a Deus, quase não existe neve, mas se o vôo for para Nova York, por exemplo...
Isso sempre aconteceu, sempre foi assim e, a menos que demitamos São Pedro, dificilmente vai mudar. E isso não tem causa humana. Não adianta chiar, reclamar nos balcões, esbravejar para as câmeras de televisão. São Pedro não cede. É preciso sentar e esperar.
E é isso que as emissoras precisam dizer, ao cobrir esse tipo de atraso: "Olha, não é culpa de ninguém, ficou fechado 4 horas por falta de teto, vai atrasar os vôos daqui prá frente". O espectador tem que saber discernir e é o jornalismo que o informa quem pode ampliar esse discernimento. Não só pode... é sua função básica.
Ou então, vamos voltar a ver, como eu vi um passageiro entrevistado em dia de aeroportos da Argentina (veja bem: da Argentina) fechados por mau tempo: "É, agora só falta culpar São Pedro". E o pior: é isso mesmo, meu filho. Desta vez a culpa foi mesmo de São Pedro e aceite isso. Só reclame quando não for esse o caso.

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